quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Novo desafio


Este blog já se chamou “De Fusca ao Atacama”. Como vocês poderão acompanhar nas postagens mais antigas, já comprei um Fusca velho com a intenção de reformar inteiro e colocar na estrada, seguindo até o deserto do Atacama, no Chile.

O blog não seguiu, pois a ideia também não se concretizou.  Vendi o velho carrinho e coloquei o sonho da viagem em (décimo) segundo plano.

Agora, mais experiente (ou velho), resolvi fazer uma viagem muito mais razoável, com um veículo mais adequado: vou (vamos) percorrer a Estrada Real, que liga Minas Gerais até o Rio de Janeiro.

Você é nosso convidado pra seguir viagem. Apertem os cintos!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O primeiro “não passeio”


A manhã de sábado estava reservada para ele, o Fusca.

Acordei cedo e saí sem tomar café. Antes das 8h já estava na garagem pronto pra levar o carrinho para trocar os sapatos. Finalmente chegaram os pneus novos.

Bate papo rápido com “Seu Cláudio”, o dono do estacionamento. Peguei com ele minha bateria nova, coloquei no bichinho e fui dar partida. Virei a chave até acenderem as luzes do painel, aguardei uns 5 segundos e bati o arranque.

Ele gemeu algo como do tipo “glengue, glengue, glengue”, e nada. Não virou. Repeti o ritual: liguei a elétrica, aguardei uns poucos segundos e virei a chave até o final. Nada!

Saí do carro, abri o motor – não entendo nada de mecânica, mas pareceu algo importante a ser feito – mexi nas mangueiras, dei um peteleco com o dedo indicador no filtro de combustível, dei dois passos para trás, cruzei os braços e fiquei olhando, esperando que alguma ideia aparecesse e fizesse o milagre do conhecimento mecânico baixar no meu corpo. Não deu certo.


Entrei no carro e repeti o refrão “vira a chave, liga elétrica, espera alguns segundos, gira tudo até o fim”. Foi inútil. O 72 não queria papo comigo.

Confesso que fiquei desolado. Para minha sorte “Seu Claudio”, acompanhado de “Seu Manoel” (o guarda do estacionamento) vieram dar seu apoio moral e pitacos mecânicos para me ajudar com o carrinho.

Enquanto um olhava se a bateria estava devidamente colocada, o segundo foi dar uma olhada no motor. Em menos de dois minutos eu tinha um diagnóstico abalizado – Seu Manoel foi taxista por mais de 20 anos, sempre dirigindo Fuscas – e sentenciou que o problema era óbvio: “Tá sem gasolina, cara. Tem que dar um traguinho pra ele”.

Lá fui eu comprar gasolina, apesar de ter certeza que o tanque estava com pelo menos uns R$ 30,00, que eu coloquei para trazer o carro de Novo Hamburgo até Porto Alegre.

Meia hora depois, com a gasolina comprada, colocada no tanque e mais ou menos um meio litro devidamente derramado diretamente no carburador, o carro já tinha tudo para funcionar.

Neste meio tempo, entre a minha ida e volta ao posto de gasolina, juntaram mais dois para dar opinião e diagnosticar o problema do Fusca. Todos foram unânimes: Sem gasolina, não funciona.

Tudo pronto, vamos lá. Fiz menção de sentar dentro do carro para virar a chave, mas
desta vez fui colocado de lado por Se Manoel. Eu era o único ao redor do carro cuja experiência era zero em relação aos Fuscas. Olhei de longe um cara sentar e tentar ligar, enquanto outro fazia uma espécie de massagem cardíaca no buraco onde antes havia um carburador.



A resposta do 72 foi clara: “glengue, glengue, glengue”. Todos se entreolharam e me chamaram para perto. Esperava que alguém naquele momento fosse dar a pior das notícias, dizendo que não tinha jeito e o carro era um caso perdido. Não foi o que aconteceu. Aparentemente as pessoas são otimistas com os Fuscas. Há amor entre homens e Fuscas, isso é inegável.

Foi então que o dono de um Tempra SW, que também está sendo reformado, deu uma de Gregory House e apontou o mais óbvio dos problemas, até mesmo para mim. “O problema está no platinado”! Todos concordaram, até mesmo eu.

Em menos de 30 segundos Seu Cláudio apareceu com uma caixa de ferramentas e o cara do Tempra já estava ajoelhado atrás do carro, arrancando as peças e lixando-as com uma chave de fenda.

Tarefa cumprida, lá foram eles novamente me afastando do paciente e tentando ressuscitá-lo. Foi em vão. Não funcionou.

Duas horas e meia de tratamento intensivo e nada do carrinho nos brindar com o belo canto de canário do seu motorzinho 1300.

Semana que vem ele receberá a visita de um mecânico. Até lá, ficamos por aqui, sonhando com o primeiro passeio por Porto Alegre. Nem que seja da garagem até a borracharia trocar os pneus.

* Na foto temos um platinado.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Preparando para a vistoria do Detran

Foi um final de semana de boas mudanças para o Fusquinha. A primeira delas foi a transferência para um estacionamento definitivo. Ele descansava aqui ao lado de casa, num lugar caro pra burro, que não tinha vaga para mensalista. Agora ele vai dormir do outro lado da avenida, ao lado de outros dois carros que também estão sendo reformados (um Fusca verde abacate e um Tempra SW).

A mudança de endereço – de uns 200 metros, no máximo – foi cheia de emoção. Tímido ele não quis funcionar. Tentei fazê-lo pegar no tranco, mas não deu certo. Desisti, com medo de forçar demais o motor de arranque (ele tem 40 anos, gente).

O guarda do estacionamento tentou uma ponte, buscando energia da bateria de um Fiat Uno, mas não deu certo. Deu curto no cabo de força do cara.

A solução foi empurrar o carrinho até o outro estacionamento. Tarefa fácil pela curta distância, exceto pelo fato de precisar cruzar uma avenida e andar uns 50 metros na contramão. Sorte ser um sábado, 8h30, em pleno verão. Ou seja, só estávamos nós na rua.

Saí dali e fui comprar os itens fundamentais para a vistoria do Detran: um cinto de segurança, extintor de incêndio e bateria.

Custo das peças:

Cinto de segurança (par): R$ 64,00
Parafusos de fixação do cinto de segurança (quatro): R$ 12,00
Extintor de incêndio: R$ 30,00
Bateria (60 amperes): R$ 130,00

Total: R$ 236,00

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Fusca, Carocha, Baratinha, Bug, Escarabajo, Cucaracha: conheça o nome do carrinho ao redor do mundo


Em 1972, ano de fabricação do meu, o Fusca assumiu o posto de carro mais vendido do mundo, ultrapassando o Ford modelo T, ultrapassando a marca de 15 milhões de unidades produzidas.

Vendido no mundo todo, seu nome em geral traduzia sua aparência. Besouro, bolha, tartaruga, etc e tal. Abaixo uma lista com alguns exemplos:

Bagge (contração de skalbagge, besouro) ou bubbla (bolha) na Suécia
Baratinha em Cabo Verde
Bhamba datya em Shona no Zimbabwe
Bjalla na Islândia
Boble ("bolha") na Noruega
Boblen (bolha) na Dinamarca
Bogár na Hungria.
Broscalanu' or Broscuţa (sapinho) na Romênia
Brouk na República Checa
Buba na Croácia
Bug ou Beetle nos Estados Unidos
Carocha em Portugal
Cepillo ("Escova") na República Dominicana
Coccinelle na Bélgica, França e Haiti
Cucaracha ou Cucarachita ("Barata" e "Baratinha") na Guatemala.
Cucarachita ("Baratinha") em Honduras.
Escarabajo (escaravelho) na Espanha e parte da América Latina
Foxi no Paquistão
Garbus ("corcunda") na Polónia
Hrošč na Eslovênia
Käfer ou Kugelporsche ("Porsche-bola") na Alemanha
Kaplumbağa ou tosbağa ("tartaruga") ou vosvos na Turquia
Kodok ("sapo") na Indonésia
Kotseng kuba (literalmente 'carro corcunda'), Pagong (tartaruga), Ba-o (tartaruga em Cebuano), Boks nas Filipinas
Kuplavolkkari (kupla, bolha) na Finlândia
Maggiolino na Itália. Também conhecido pelo apelido carinhoso de Maggiolone
Mbatsani (Amêijoa) ou Xifufu-n'hunu (Joaninha, Besouro) na língua Shangana em Moçambique
Mgongo wa Chura ("costas de sapo") e Mwendo wa Kobe ("velocidade de tartaruga") em Swahili na Tanzânia
Peta ("tartaruga") na Bolívia
Pichirilo no Equador
Põrnikas na Estônia
Sedan e depois Fusca (ou Fuca/Fuque) no Brasil
Sedán ou Vocho no México
Vabalas na Lituânia
Volky em Porto Rico
Volla na África do Sul
Weevil no Canadá
Σκαθάρι ("Skathári", besouro) ou Σκαραβαίος ("Skaravéos", escaravelho) na Grécia
Косτенурка (Kostenurka, "tartaruga") na Bulgária
חיפושית ("Hipushit") em Israel
عقروقة ("Ag-ru-ga") no Iraque

Os custos da restauração


Este blog pretende ser também um guia sobre a restauração do carrinho, portanto falar sobre o preço das peças e da mão de obra nas oficinas será indispensável.

No post “O quadro da dor” falei dos inúmeros problemas do Fusquinha, dentre eles, o que me preocupa pelo aspecto segurança, é o péssimo estado dos pneus.

Minha intenção é trocar as rodas para as magrinhas, aro 15, originais. Elas deixam o carro mais econômico e até mais confortável que as atuais (tala larga, 14). Busquei na internet algumas opções – sites como o Mercado Livre são ótimos para quem está restaurando -, mas nenhuma opção me pareceu boa.

Um jogo de rodas 15, quatro furos, em péssimo estado de conservação chega a ser anunciado por R$ 800. Muito para uma roda de ferro, independentemente de ser original.

Um conjunto zero KM, em Porto Alegre, custa mais de R$ 1.000 em uma loja especializada. Por este motivo, até que eu conheça as melhores opções de preço, optei por trocar apenas os pneus, mantendo as mesmas medidas dos atuais: 185/65 R14.

Pela internet comprei 4 remoldados de uma loja de São Paulo, a Pneucar Remoldados, ao custo de R$ 105,00 cada, mais o frete por R$ 70,00.

Para quem se interessar, segue o contato da loja:

PNEUCAR COMERCIAL LTDA ME
pneucar.ltda@uol.com.br
11 39214636
SAO PAULO, São Paulo

Custo total da reforma até o momento: R$ 500,00.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Em busca da originalidade. Ou quase...



Fiz uma consulta ao Fusca Clube, entidade que congrega aficionados pelo “carro do povo”, inclusive servindo de aferidor de originalidade para os que desejam conquistar a placa preta, e as cores do 1300 de 72 são realmente muito bonitas: amarelo manga, azul pavão, laranja monza, verde folha e vermelho sideral são algumas delas. O branco é o lotus.

Ainda não decidi a cor do carrinho, mas estou inclinado a seguir no branco ou optar por uma outra cor clara, que não encontrei no catálogo de originais: o caramelo-café-com-leite.

O interior deverá ser o mesmo caramelo-café-com-leite ou vermelho, como a Porsche costuma fazer com alguns dos seus bólidos. Ainda não cheguei a uma conclusão sobre este tema.

Certo é que não esperem um carro tunado, com pintura cheia de labaredas, rodões ou qualquer outra extravagância. Vamos na maciota.

*Na foto temos um exemplo do caramelo-café-com-leite.


O quadro da dor...

O estado geral do Fusquinha não é dos melhores. Ele possui uns três tons diferentes de branco, divididos entre o desbotado, o sujo e o branco de pavor. Considere também a enorme quantidade de ferrugem e a péssima qualidade da funilaria que já foi realizada na sua carcacinha.


Por dentro a coisa fica ainda pior – sim, isto é possível. O proprietário anterior, ou os anteriores, afinal sabe-se lá quantos donos esse carrinho já teve, não primaram pela conservação da originalidade. Pensando bem, certos detalhes mereceriam premiação em desfile de carnaval justamente pelo excesso de originalidade (ou excentricidade se preferirem).



Existem três botões distintos no painel - que foi perfurado para recebê-los. Um deles é a buzina (!), o outro o que liga a luz negra interna (sim, clima de boate) e o terceiro é o disjuntor da lâmpada do motor (aparentemente ele prefere estragar durante o turno da noite).



As portas fecham com certa dificuldade, e a da direita está uns 20% corroída pela ferrugem. O problema é tão sério que o antigo dono já me deu uma porta nova, que está descansando no banco traseiro do carrinho.



A bateria está arriada e fica solta atrás do banco do passageiro. Quem pegar uma carona sentado no banco traseiro não tem onde por os pés.



Os bancos dianteiros foram trocados por um modelo de espaldar alto, num tecido de veludo preto que o tempo já desgastou. O traseiro parece estar em bom estado.



A elétrica funciona (toc, toc, toc na madeira), exceto pelo velocímetro e pelo medidor de combustível. O motor, pelo que pude perceber, trila como um canarinho em dia de chuva.



As rodas são 14 polegadas, tala larga, pintadas de preto. Os pneus, coitados, estão condenados.



Tem rádio, mas não tem auto falantes. O cinto de segurança do motorista está arrebentado, os vidros arranhados e o freio e a embreagem são duros como pão da semana passada.



Ninguém disse que seria fácil.